Lendo



Sentado no verde prado
em comunhão com o cosmo, com o tempo
vendo o céu azul
e a pequena gramínea
comecei a ler Li-Po
e me veio uma estranha nostalgia
de um tempo distante
que nem sequer vivi,
mas amei.

Calor





Calmo e manso está meu coração

Mesmo em meio ao sol escaldante

Calor entrépido

estampido de mudança de temperatura

Sensação de sufocamento ígneo

Odor de suor suado

Ardência queimada na pele

Ferida putrefada na crosta

Calor pavoroso

prenunciando a queda

A perda, a morte...

Anunciando o desconforto,

a agonia, a necessidade do vento,

da água, da brisa,

do banho demorado e refrescante...

Calor extremo e esternecido

Que beira a exaustão do tempo

num espaço espavorido

Lugar restrito ao forno,

à sauna, ao deserto sem oásis

Calmo e manso está meu coração

chagado de calor em meio a tanta brasa